Fenômenos imprevistos, crises e instabilidades são as faces de um tempo que exige preparo e maturidade de todos, em especial das lideranças.
Os intervalos entre o surgimento de grandes desafios para a Humanidade parecem cada vez menores. Apesar de toda a tecnologia à nossa volta, influenciando e modificando o comportamento, vivenciamos situações inesperadas que fogem ao entendimento e controle. É quando fica mais evidente a importância de desenvolvermos as nossas competências emocionais antes de quaisquer outras. Saber lidar com as crises e contingências, não se apavorar nem se paralisar diante do imprevisto formam uma base de apoio fundamental para a superação e o aprendizado.
Todas as lideranças, sejam elas comunitárias, corporativas ou políticas, têm sobre si uma responsabilidade extra. São elas que exercem influência e administram as emoções de diversos e numerosos grupos. Dependendo de como atuam, podem reforçar comportamentos positivos ou negativos, motivar ou desanimar, inspirar ou frustrar.
Os líderes não têm poder total e absoluto sobre os liderados. Meindl e colaboradores, no artigo A romantização da liderança, em 1986 já desconstruía essa ideia. Mas espera-se de quem está nessa posição atitudes e decisões que sejam guia e referência nos momentos mais críticos.
A liderança contemporânea tem um desafio que vai ainda mais além: precisa agir para incentivar e formar outras lideranças. Deve auxiliar, sobretudo, no desenvolvimento da autonomia de pessoas capazes ajudar a si e aos outros, formando redes de colaboração mais eficientes. Esta é a abordagem da liderança transformacional, aquela que mostra os caminhos e fica satisfeita em ver os liderados andando sozinhos e desenhando sua própria trajetória.
Estimular a criatividade, o engajamento e a participação é uma das ações mais importantes que o líder pode promover. É neste contexto que nascem as soluções. É assim que as competências são desenvolvidas. É quando as saídas para as crises começam a ser vislumbradas.
A comunicação responsável
Toda a nossa vida é permeada por processos de comunicação, dos mais elementares aos mais complexos. Em momentos turbulentos esses processos ficam extremamente delicados, pois qualquer informação mal colocada gera medo, receio, confusão e… mais turbulência.
O líder de verdade entende o impacto e as consequências do espaço de influência que ocupa. Por isso não dá ressonância a rumores, boatos, especulações ou a qualquer tipo de conteúdo que possa gerar ainda mais instabilidade. Com tantos canais disponíveis, tantas fontes e tantas formas de tratar um assunto, o líder precisa ser transparente e responsável. Com acesso antecipado a dados, análises e projeções, é uma fonte primária de informação e sua palavra tem um peso relativamente maior.
Confiança e credibilidade
O líder que transforma – o tipo mais necessário ao mundo que vivemos hoje – constrói relações fortes de confiança. E é só a partir da credibilidade estabelecida por essas relações que podemos alcançar algum grau de estabilidade para dar o impulso que nos leva a um outro patamar de sociedade.
Catástrofes naturais, crises econômicas e sociais, acidentes e incidentes fazem parte da dinâmica da vida. Saber responder de forma consciente e madura a esses episódios faz parte das competências dos verdadeiros líderes. Com autoconhecimento e a certeza da nossa humanidade em comum, cada um de nós pode encontrar dentro de si ao menos um atributo que nos coloque nesse lugar de poder da liderança.